terça-feira, 17 de março de 2015

Regional Norte realiza ação de limpeza em imóvel no bairro Juliana

Foram retirados do local cerca de 24 toneladas de lixo.
A Regional Norte realizou no final do mês de fevereiro uma ação de limpeza em um imóvel localizado no bairro Juliana. A operação envolveu mais de 50 profissionais das gerências de Controle de Zoonoses, de Limpeza Urbana, Vigilância Sanitária, Fiscalização, Comunicação, Políticas Sociais, Assistência Social, Gabinete e do Distrito Sanitário Norte, além da Polícia Militar e da Guarda Municipal. 

Quem passava pela rua Tipuana, se surpreendia com a quantidade de lixo e entulhos. Montanhas de materiais se acumulavam na parte externa e interna do imóvel, ocupado quase até o teto da residência com papéis, plástico, roupas, madeira, papelão e todo tipo de objetos. Dentro da casa, sobrava espaço apenas para uma cama, em um dos quartos, uma estante na sala e caminhos estreitos por onde se transitava entre os cômodos. 

O catador de materiais recicláveis de 58 anos, vive apenas com um dos irmãos no local. O caso é acompanhado pela zoonoses da Regional Norte desde 2006, quando foi constatado que o morador acumulava resíduos diversos dentro do imóvel. 

Devido a grande disponibilidade de materiais passivos de acúmulo de água, e com riscos para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, o local é vistoriado pela equipe da zoonoses quinzenalmente. Frequentemente são encontrados focos de larvas do mosquito, por isso recebe frequentemente aplicações de inseticida e larvicida. 

Mesmo após diversas vistorias e orientações repassadas pelos Agentes de Combate a Endemias (ACE’s), o catador de recicláveis se recusava a retirar uma grande quantidade de objetos propícios à proliferação do mosquito da dengue, assim como também recusou inúmeras vezes o serviço de desratização disponibilizado pelo de controle de Zoonoses, descumprindo uma série de exigências inerentes às políticas urbanas.
O imóvel é cadastrado em nome do pai do munícipe já falecido. Como trata-se de um espólio, foram lavradas duas advertências 
pela vigilância sanitária da Regional Norte solicitando a limpeza do local para os irmãos, porém, nenhuma das notificações foram atendidas. Já fiscalização da Regional Norte emitiu notificações, dois auto de infração e realizou uma apreensão de materiais que estavam no passeio. 

Conforme a gerente de vigilância sanitária, Selene Guimarães, depois de esgotadas todas as possibilidades de ações na residência do munícipe, foi aberto um processo administrativo e encaminhado a Procuradoria Geral do Município - PGM, que solicitou ao judiciário um pedido de liminar para a entrada na casa do munícipe. “O fluxo da ação iniciou-se com a abertura de um processo administrativo pela vigilância sanitária que encaminhou os documentos e relatórios das ações executadas no local por cada gerência da regional Norte. Esse processo embasou a solicitação da liminar que foi deferida pelo judiciário”, explicou. 

A entrada na casa ocorreu com liminar da Justiça e contou com a presença de dois oficiais de justiça e da Polícia Militar (PM). A ação teve início no dia 24, com a retirada dos materiais acumulados na calçada, estendendo-se para o quintal e posteriormente para o interior do imóvel. O serviço foi concluído na manhã do dia 26, quinta-feira. 

Em três dias, a equipe da Regional Norte retirou uma grande quantidade de materiais suficientes para encher 32 caminhões basculantes. Junto dos resíduos, havia focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e chikungunya, ratos e baratas. Ao todo, foi limpa uma área de 360 metros quadrados, resultando na retirada de cerca de 24 toneladas de lixo. Para a ação foram mobilizados cinco caminhões, além de profissionais que fizeram a limpeza manual do local. Também foi realizada capina no quintal, o corte de uma goiabeira que obstruía o passeio da casa e a supressão de uma castanheira pela equipe da gerência de Jardins e Áreas Verdes. 

O gerente regional de Controle de Zoonoses Diogo Portela, explicou que a equipe vistoriou o imóvel nos três dias de ação. Foram encontrados no local focos do mosquito e larvas que foram coletadas. “Em casos como este o risco é agravado pela complexidade do ambiente, que impossibilita uma vistoria completa, o que torna favorável a proliferação do inseto vetor”, destacou. 

Após a conclusão da limpeza, também foi realizado tratamento químico com produto raticida para eliminação dos roedores que permaneceram em suas tocas no imóvel. Os imóveis vizinhos também foram vistoriados pelos ACE’s. “Ao todo foram visitados 34 imóveis, destes, dez receberam o tratamento com raticida e em cinco o serviço foi recusado pelo morador”, disse. 

Os cães abandonados que recebiam alimento e água e permaneciam na calçada em frente ao imóvel, também foram recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses para exame de leishmaniose, castração e vacina antirrábica. 

Durante a ação, vizinhos contaram que o morador tinha o hábito de recolher lixo na rua, além disso, muitas pessoas deixavam roupas, eletrodomésticos e outros materiais inservíveis na casa do catador para que fossem vendidas por ele. “Raramente ele vendia alguma coisa, o que nós víamos era o acumulo de lixo que, não tinha outra serventia senão abrigar ratos, baratas e ser foco de doença”, afirmou um dos moradores do entorno. “O hábito se tornou mais comum após a morte dos pais”, disse outro vizinho. 

No dia anterior a limpeza o Secretário Adjunto da Regional Norte, Luiz Otávio Alves de Carvalho, coordenador da ação, realizou uma reunião com os setores envolvidos na execução da operação, definindo os responsáveis pela retirada do material e pelo suporte ao munícipe. “Foi preciso que a ação intersetorial fosse bem coordenada para que pudéssemos alcançar um resultado satisfatório, atendendo uma demanda da comunidade local, com a preocupação, também, de preservar a integridade do munícipe”, pontuou.
Casos de acumuladores compulsivos, pessoas com obsessão por guardar objetos e dificuldade de descartá-los, são classificados como Síndrome de Diógenes. Batizada com o nome do filósofo grego do século IV a.C. Diógenes de Sínope, que vivia como um mendigo e dormia em um barril, a Síndrome de Diógenes caracteriza-se pela acumulação de lixo e objetos sem valor, isolamento social, falta de cuidados com a higiene pessoal e recusa em receber ajuda. 

O munícipe que é acompanhado pela equipe de saúde da família do Centro de Saúde Jaqueline II, apresentou sinais e sintomas sugestivos a Síndrome de Diógenes, atestado com laudo do psiquiatra da unidade. Em 2006, o catador passou a apresentar distúrbios de comportamento como afastamento dos irmãos, descuidos com a higiene pessoal e acúmulo de materiais recicláveis em sua residência e que, com o passar do tempo, começou a acumular qualquer material que retirava das ruas, inclusive animais. 

O morador também é acompanhado pela equipe do CRAS Zilah Spósito desde 2010 e terá no período pós-ação um reforço ao acompanhamento social. "O usuário continuará recebendo atenção da equipe intersetorial da Regional Norte, garantindo ao mesmo o direito ao tratamento ininterrupto de saúde e o acompanhamento socioassistencial, visando a prevenção de novos acúmulos de materiais e promovendo a inclusão e proteção social ampla, com o foco no fortalecimento do vínculo com a família e a comunidade", pontuou o gerente de Politicas Sociais da Regional Norte, Ademilton Araújo. 

A ação foi resultado do trabalho do Comitê Regional de Combate à Dengue e Chikungunya Norte que, dentre as ações, tem acompanhado e discutido casos de acumuladores. Considerando o risco que esses locais oferecem para a saúde pública e para a saúde do próprio morador, outros quatro imóveis também estão em discussão no comitê regional.


FONTE : Gerência Regional de Comunicação Social Norte(GERCOM-N)

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