quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Regional Norte realiza 1° Fórum de Gênero


Com o objetivo de encontrar mecanismos e estratégias para contribuir com a igualdade entre as pessoas, foi realizado, no dia 16, o “I Fórum de Gênero da Regional Norte - Descontruindo a cultura machista”. O evento aconteceu no auditório da Secretaria (rua Pastor Muryllo Cassete, 85, São Bernardo) e reuniu cerca de 50 participantes, dentre eles, o gerente de Políticas Sociais Norte (GERPS), Ademilton Araújo. 

Em sua fala de abertura, o gerente agradeceu a presença dos participantes e destacou a importância da discussão. “Precisamos quebrar as barreiras que dificultam o processo de igualdade de direitos. Só sabe de fato quem sente na pele as consequências do preconceito. Portanto, é muito importante realizarmos esse encontro, pois, juntos podemos conseguir fortalecer as políticas sociais em todos os âmbitos”, disse. 

Na ocasião, a gestora pública da Prefeitura de Belo Horizonte e Coordenadora Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Rosângela da Silva, ministrou uma palestra onde abordou os principais fatores que implicam na construção de uma sociedade igualitária. “Conquistamos o mercado de trabalho, ocupamos os assentos das universidades, elegemos uma mulher no cargo de Presidência da República. Mas ainda sofremos muito nessa sociedade que, infelizmente, continua machista e racista”, afirmou. Outro ponto destacado por Rosângela foi à violência contra as mulheres. “Embora se avalie positivamente a criação da Lei Maria da Penha, o quadro é bastante preocupante”, alertou. 

De acordo com o Anuário das Mulheres Brasileiras, divulgado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), quatro em cada dez mulheres já foram vítimas de violência doméstica. O Anuário reuniu dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostra que 43,1% das mulheres já foram violentadas. Para estimular a reflexão sobre esse problema, o Fórum exibiu um documentário, intitulado: “Silêncio das Inocentes”. Por meio dos depoimentos de vítimas, autoridades e especialistas, o filme retrata a triste realidade social da violência doméstica no Brasil. 

Após a exibição do documentário, os participantes promoveram uma discussão em torno da temática. A mediação da conversa ficou por conta da Analista de Políticas Públicas da Coordenadoria dos Direitos da Mulher (COMDIM), Andréa Chelles. Na oportunidade, ela destacou os inúmeros desafios que ainda se colocam para as mulheres no Brasil. “A situação do país melhorou muito em quatro décadas de feminismo. Entre as conquistas posso destacar as transformações nas relações cotidianas, das formas de organização, e na produção da subjetividade. Os homens também se transformaram, mas eles não tiveram que se refazer no seu íntimo, porque sempre foram e continuam sendo educados para o mundo público. Enquanto as mulheres foram educadas para a esfera do privado, e tiveram que jogar fora um modelo que estava sendo imposto para buscar novas formas de viver”, explicou. 

Conforme o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), apesar de corresponderem a 51,3% da população brasileira, a presença feminina no mercado de trabalho é inferior. Os dados indicam que 58,8% das mulheres, com mais de 16 anos, que fazem parte da População Economicamente Ativa (PEA), estão trabalhando. Entre os homens, na mesma faixa etária, esse percentual chega a 81,5%. Embora tenham ampliado a participação na sociedade e no mercado de trabalho, as mulheres brasileiras ainda enfrentam dificuldades para atuarem em setores com melhor remuneração. Nos cargos com nível superior completo, elas recebem o correspondente a 63,5% do salário dos homens. “A mulher tem muito mais dificuldade de acesso a cargos de comando. Além disso, é a principal vítima dos assédios moral e sexual”, esclareceu Andréa. 

Na avaliação da integrante da COL Norte, e organizadora do evento, Nilma Corrêa, o 1° Fórum de Gênero da Regional Norte foi muito produtivo, pois, possibilitou um espaço amplo de discussão, e teve o intuito de construir ideias que servirão para melhorar as políticas públicas voltadas para as mulheres. Ainda, segundo Nilma, o avanço do país nessa área começou com a criação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, em 1985. “Promover políticas para eliminar a discriminação de gênero e assegurar a participação feminina nas atividades políticas, econômicas e culturais. Com isso, ao realizarmos esse evento, estamos criando novas linguagens; novos modos do fazer, ou seja, abrindo um espaço democrático, onde todos e todas possam ter voz e vez”, concluiu.


FONTE: Gerência Regional de Comunicação Social Norte (GERCOM-N).

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