quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Fórum de Atenção à Criança e ao Adolescente debate o suicídio e automutilação infanto-juvenil


Para discutir suicídio e automutilação infanto-juvenil a Prefeitura de Belo Horizonte por meio da Regional Norte realizou o Fórum de Atenção à Criança e ao Adolescente da Regional Norte (FOCA), com o intuito de promover uma reflexão sobre tais práticas que têm se tornado recorrente entre crianças e adolescentes.

O evento que aconteceu na última quinta-feira, 30, no auditório da Regional Municipal Norte (rua Pastor Muryllo Cassete, 85, São Bernardo), contou com a presença de trabalhadores da saúde, educação e demais profissionais que atuam em programas sociais da Prefeitura de Belo Horizonte. O debate teve como objetivo sensibilizar esses profissionais e orientá-los sobre a maneira de agir mediante a essa situação.

A palestrante convidada para conduzir a discussão foi a psicóloga, psicanalista, especialista em Saúde Mental pela Escola de Saúde Pública, mestre e doutoranda psicologia pela UFMG e membra da EBP (Escola Brasileira de Psicanálise) e AMP (Associação Mundial de Psicanálise), Inês Maria Seabra de Abreu Rocha. De acordo com a especialista a sociedade ainda não sabe lidar com a morte, sobretudo com o suicídio. Inês explica que para a psicanálise existem forças no interior dos seres humanos que os impulsionam a praticar ações que para alguns são inexplicáveis, e a sociedade trata a morte de forma religiosa e reservada, tornando esse assunto um tabu. 

Sobre a automutilação, a psicóloga pontuou que existem pessoas que precisam sentir que o seu corpo as pertence, por isso elas se automutilam. “Cada indivíduo tem um corpo e cada um com saídas para suas frustrações”, disse. Ainda acordo com a especialista tanto o suicídio como a automutilação, vem em geral acompanhados de sinais que são sintomas da infelicidade cotidiana. Inês lista alguns deles. “Mau humor, inquietação, depressão, nervosismo entre outros”, afirmou. 

A psicóloga explica que as motivações nem sempre estão na mente e sim no corpo, que é dividido pelo imaginário, ligado à vestimenta e aparência, e às palavras de forma construtiva ou destrutiva. “Por exemplo: Você esta linda, você é inteligente. Você é feia, fracassada, você esta gorda. A palavra é tudo sobre o corpo, por isso é necessário ter ética em lidar com pessoas respeitando suas individualidades”, disse. 

Sobre o papel da sociedade (escola, família e amigos) e do poder público, a mestra ressalta que é importante observar. “É importante observar as linguagens do corpo que aquele sujeito transmite, como sinais de mutilação do corpo (cortes). É preciso praticar a escuta e quando o outro não quer falar, criar alternativas para que o mesmo consiga se expressar”, falou. A Inês também destaca que não se deve incentivar o sentimento de culpa dessas pessoas. “Neste contexto, não podemos culpabilizar as pessoas envolvidas, mesmo que às vezes elas tenham provocado esses sintomas. O sujeito tem que sair do seu quadro de conflitos com o acompanhamento psicológico/psiquiátrico, com apoio da família e amigos por meios de palavras construtivas e de incentivo. É imprescindível que o sujeito tenha um desejo, uma causa e um objetivo a seguir para que ele consiga sair do seu estado de silêncio”, pontuou.

“A morte é silenciosa por isso é necessário agir no momento de repressão. Freud explica que a morte deve ser discutida e que não pode haver o silêncio em momentos de silencio. O suicídio às vezes acontece sem querer, algumas atitudes são apenas para chamar atenção, para se sentir amado e cuidado”, concluiu a psicóloga.

FONTE : Gerência Regional de Comunicação Social Norte(GERCOM-N)

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