terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Fórum intersetorial promove discussão sobre raça, racismo, identidade e etnia na Regional Norte

Equipe organizadora do Fúrum: COL e GGPIR Norte.

A Prefeitura de Belo Horizonte por meio da Comissão Operativa Local Norte (COL) Norte e o Grupo Gestor de Promoção da Igualdade Racial (GGPIR) realizou no final do mês de novembro (27), o Fórum de Atenção à Criança e ao Adolescente da Regional Norte (FOCA), em comemoração ao dia da consciência negra. 

O tema escolhido para o debate foi “Abordagem conceitual de Raça, Racismo, Identidade e Etnia”, dentro da programação do mês da Consciência Negra. A discussão do fórum foi conduzida pelas palestrantes a pesquisadora do Observatório da Juventude e do Ações Afirmativas da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG e doutora em educação pela UFMG, Ana Amélia Laborne e a pedagoga, orientadora educacional e mestranda em Educação com especialização em Educação e Relações Étnico-raciais, Cláudia Elizabete dos Santos. 

Cerca de 100 pessoas participaram do evento que aconteceu no auditório da Regional Norte (rua Pastor Muryllo Cassete, nº 85, bairro São Bernardo). O Secretário Adjunto Norte, Gilberto Antônio Ferreira deu as boas vindas aos participantes e falou sobre a importância do debate no âmbito publico municipal. 

Ana Amélia Laborne iniciou a discussão abordando o conceito de raça, diferença, desigualdade, etnia, classificação racial e identidade racial, racismo e o desafio da luta contra o racismo em um país racista. 

A pesquisadora explicou que os seres humanos possuem o genótipo e o fenótipo e que genotipicamente os seres humanos não são diferentes, porém, fenotipicamente todos são diferentes e é isso que os caracteriza. 

Sobre a questão das diferenças, desigualdades e racismo a doutora explica que muitas das vezes as pessoas tendem a transformar essas diferenças em desigualdades. “Somos diferentes indivíduos únicos, o problema não é sermos diferentes, o problema é transformarmos essas diferenças em desigualdades, por exemplo, quando dizemos que negros são inferiores a brancos ou que homens são superiores as mulheres. O campo da diferença e de desigualdade é inesgotável”, pontuou. 

Sobre a definição de raças, Ana explicou que desde a década de 60 os sociólogos já trabalhavam com a ideia de construção social da raça, ou seja, a raça é construída socialmente. A especialista pontuou que o termo classificação racial é diferente de identidade racial, mesmo que um seja baseado no outro. Para Ana classificação racial está ligada a terminologias, referências fenotípicas que classificam as pessoas já a identidade racial está ligada às vivencias sociais do individuo. 

A especialista em Educação e Relações Étnico-raciais, pedagoga e orientadora educacional, Elizabete dos Santos, falou sobre a importância de se discutir o tema no âmbito escolar. 

Para a professora, a diversidade racial deve ser trabalhada com as crianças desde a infância, na educação infantil, entretanto, levar para escola essa temática é um desafio, uma vez que ao se trabalhar o tema com as crianças ele também, é trabalhado com os pais. 

Elizabete também falou sobre a importância do apoio da gestão no desenvolvimento desse trabalho. “Eu percebi que fui desafiada a fazer um trabalho institucional e que não daria conta sem o apoio da gestão. Quando a gestão e os docentes reservam uma parte do seu tempo para ter um dialogo amadurecido com as famílias todos ganham com isso; as tensões diminuem, as abordagens desnecessárias diminuem e resistência diminui”, disse. 

Para a Coordenadora do GGPIR Norte, Maria Nazaret Teles Silva, o fórum é um espaço de formação e debates, onde a temática de igualdade racial se amplia e consolida como tema pertinente conforme o surgimento das demandas e questionamentos. “Acreditamos que a igualdade racial só será possível quando houver a consciência que somos todos diferentes e com direitos iguais, na perspectiva de contribuir para reflexão sobre as diferenças e rever conceitos. Esperamos que a abordagem conceitual de raça, racismo, identidade e etnia possa ajudar em nossas reelaborações das interfaces raciais e sociais”, concluiu. 

Durante a reunião os presentes também puderam degustar um cardápio temático inspirado nas comidas tradicionais africanas.


 FONTE : Gerência Regional de Comunicação Social Norte(GERCOM-N)

Nenhum comentário: